-Aquele dia, no banco de trás do táxi, eu procurei tuas mãos a viagem inteira. Eu sei que você notou. Eu sei.
-Eu notei sim. Tu entende que eu me esquivo por que concordo contigo quanto aos perigos disso, né? Não queria parecer escroto.
-Desculpa. É que me falta uma peça. Não tenho freio, e muitas vezes não sei medir ou simplesmente frear o que faço e digo, explicitamente ou nas entrelinhas. Vou tentar parar com isso.
-Não. Não disse pra você parar. Você não é dócil, mas é doce. Eu gosto.
Assim, nossos diálogos variavam entre futebol, astronomia, coisas engraçadas, eleições, mimimis e nós, e esse assunto, apesar de ser o mais interessante, era o mais evitado. Eu, ainda que tentasse escapar, a deixei saber que gostaria de ver bem de perto aquele mapa mal desenhado e especialmente o quadril onde ele está tatuado e todo o resto da anatomia deste atlas. Mas sabemos que isso não devia acontecer.
Aí é que está, agora é possível e provável que vá acontecer. Eu não sei o que fazer.
-Você tem certeza que quer fazer isso? - ela perguntou e eu não respondi, pulei para outro assunto qualquer. Eu não tenho certeza, mas eu quero.
- para ler ouvindo: Angus and Julia Stone - Paper Aeroplane
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