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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Vento

Tem fantasmas no quarto dela. E ele não está ali pra ajudar. Tem fantasmas perturbando o sono...
Ele nunca está lá pra ajudar, talvez ele seja só mais um dos fantasmas, e ela vai ter que aprender a conviver com isso.
As pessoas já começaram a perceber, no olho esquerdo a paixão, no olho direito o caos. Um está intimamente relacionado ao outro, pelo menos pra ela. Pra ela a paixão causa caos, é absurda. Não gosta das coisas absurdas, sem sentido. Prefere o que se explica facilmente.
Ela explica facilmente quase tudo, simplifica; mas essa coisa de paixão, ela sempre evitou, porque não consegue explicar. Sem explicar fica complicado. Nunca encontra respostas praquelas perguntas. Que saco!
Ele não explica. Ele diz pra deixar acontecer. É que ele não sabe. Não conhece o caos dentro dela, nunca ouviu às perguntas, nem tentou entender. Ele não vê fantasmas, nem acredita neles. Ele sim, simplifica. Ignorar é também uma forma de simplificar. E por isso ele não está lá naquele quarto.
Ela estava ali parada, esperando o vento, com um pedaço de nada na mão. Olhou pro lado, o sinal verde, e lá vinha ele, não era o vento que ela esperava, era mais um atravessando a avenida. Era ele.
Lembra incansavelmente desse dia, dessa avenida, da falta de ar...todo o tempo pensa no sinal verde, e sente ele passar.
Atrás dele vinha o vento. E desde que o vento soprou, ela não o vê.

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