"Ainda que se mova o trem,
tu não te moves de ti."
Subi no trem, movimento de pessoas de um lado pra outro na estação, eu observava pela janela. Crianças chorando, adultos chorando, crianças sorrindo, adultos sorrindo. Despedidas, reencontros.
Pára tudo. Isso tá clichê demais pro meu gosto. Pro mau gosto.
Subi no trem, não costumo olhar pela janela até que ele comece a se mover. A estação me causa agonia, despedida, choro, reencontro, choro. Choram demais, e eu nunca choro. Me irrita.
O trem partiu, olhei pela janela, mar, mar, mar, montanha, montanha, lago, ponte, rio, montanha, casinhas, vila, vacas, vale, cidade, fumaça, montanha, rio, vacas, bla, bla, bla. Isso me distrai por algum tempo. A paisagem lá fora.
Quando canso, não tenho mais a carteira de cigarros, nem a garrafinha disfarçada na bolsa pra me acalmar. Não tenho mais nada que me transporte para alguma paisagem lá fora. Me transporto então para dentro. Amigos, inimigos, lago, dias tristes, dias felizes, montanha, família, mar, oceano, oceano, oceano. Tentei sair. Mais oceano.
O trem ainda seguia a direção certa quando eu tomei o rumo errado.
Depois voltei pra dentro. Oceano, praia, montanha, amores, ódio, paixões, angústia, incertezas, certezas, planos, vale, vontades, vontades, vontades, rio, confusão, confusão, casinhas, vila. A paisagem aqui dentro.
Tomei de volta o rumo certo, mas me dói o corpo, me dói a alma. Choram demais, eu não choro. O trem se move. E eu não me movo de mim.
Não quero mover-me de mim, e preciso, com urgência, de faxineira.
***em tempo, começou 2008. vocês fizeram suas promessas de ano novo?
feliz ano novo então!
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