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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eletricista de corações

Foi assim, ao meio dia e meia de uma sexta-feira cinza, que eu me apaixonei outra vez. Voltava do estúdio de tatuagem, falando besteiras pra alguém no telefone, chorando um pouco mais do que gostaria, quando vi aquele cara, parecido com o Pete Yorn, com óculos geeks e uma mochila nas costas. Ele também me viu.
Meus olhos estavam molhados e a maquiagem preta escorria pelo rosto, mas quando ele me olhou, assim, sem explicação nenhuma, eu sorri. Entre lágrimas e todos os cacos, eu sorri. E a pessoa do outro lado da ligação chamou meu nome umas três vezes até que eu pudesse responder.
Eu parei, esperando o sinal abrir para atravessar a rua, e olhei pra trás, ele também estava olhando pra trás. Eu atravessei a rua olhando pra trás, ele parou no meio da praça para me olhar. Eu continuei andando. Ele continuava me observando. De longe eu não conseguia mais ver seus olhos, mas imaginei que tivessem uma expressão de confusão: "será que eu conheço ela? será que eu deveria conhecer?".
Quando parei outra vez, ele havia seguido o caminho. Por um tempo, acompanhei a mochila se afastando, mas só quando ela desapareceu de vista eu tomei coragem e fui correndo atrás... Não o encontrei.
Eu devia ter desligado o telefone e corrido até ele antes. Devia ter dado o melhor beijo da minha vida naquela boca... Afinal de contas, talvez ele seja um desses malucos que adora consertar um coração quebrado. Um eletricista de corações.


 

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