Não vou apagar...

Quando leio os textinhos que tenho escrito nos últimos dias, tenho vontade de apagá-los todos. Não sei mais escrever. Não parece mais vir de dentro de mim, parece tudo muito calculado e medido. Tudo dentro da caixa.
Me pergunto por que não escrevo sobre tudo que vi e vivi, mas pra quê eternizar ainda mais essas coisas? De qualquer forma, elas vão estar pra sempre dentro de mim. E fora também, na minha maneira de escolher o que me cerca.
Acho que foram exatamente essas coisas que acabaram com o coração que eu botava nos meus textos, viciaram em clichês e rotinas a imaginação que eu tinha pra criar meninas doces, ácidas, elevadores, escadas e janelas.
Por mais que eu me esforce e procure, não existe mais confusão suficiente dentro de mim pra dar origem a personagens tétricos, contos de lugares que eu nunca vi. Talvez isso seja só o que chamam de ser adulto, mas, ei, talvez eu não esteja a fim disso.
Não apago nada, um dia hão de me ser úteis pra alguma coisa, pelo menos pra lembrar tudo que eu transformei em pó dentro de mim. Pra lembrar tudo que eu destruí com uma lâmina bem afiada de cartão de crédito.