Mas não vim aqui falar disso hoje, talvez um outro dia, desses felizes e de sol. Quero, preciso, contar algo que me aconteceu esta tarde. Andava pelo centro, perdida no meu mundo, e uma cigana me chamou, pedindo para ler minha mão. A mesma cigana de sempre, a mesma que pediu tantas vezes a mesma coisa em troca de um real, dois, ou três (isso sempre depende do que ela encontrar de bom no meu caminho); dessa vez ela não pediu nada, disse que ia ler minha mão, me puxou, e olhou de um jeito estranho. Eu tive medo, confesso.
Leu-me a mão, falou de meus amores (antigos e novos), falou de minhas preocupações, e me contou que eu viverei muitos anos. Não é a previsão dela que me importa, e se você me conhece sabe que meu ceticismo não me permite acreditar na velha cigana. Acreditando ou não, foi inevitável pensar nas palavras dela a tarde inteira; o que me disse foram coisas obvias, que qualquer um diria a qualquer outro. Não sei por que ela escolheu a mim, e veio dizer essas tais coisas obvias a mim, que já estou tão cansada de ouvir e saber, e foi exatamente isso que me impressionou.
Que fácil deve ser me ocupar os pensamentos a tarde inteira, é que dias de sol me perturbam. Dias muito felizes podem me deixar infeliz.
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para ler ouvindo: The way things are - Fiona Apple
1 comentários:
po, imagino km saun essas ciganas. tbm me assustam as vezes. quase coincidencia essa semana baixei um CD inteiro da Fiona Apple. seria uma coincidencia completa se tivesse essa musica nesse CD.
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