O ouvido surdo da cega da rua demonstra o som de seus passos. E da janela eu vejo seus passos estreitos, um por um, sono-lento. O pacote bebado do seu sonho de fanta.
Fanta, Coca, Sprite, Guarana. O que vai ser dessa vez, pra curar essa doenca que voce me deixou? Vodka barata, pra ajudar a vomitar o resto do nosso amor. Lexotan, pra dormir e sonhar em esquecer o que eu ja nem lembro. Mas que remedio pra apagar suas marcas do meu corpo... do meu coracao?
Depois do quinto ou sexto copo eu me afasto e noto que paro por segundos, paro, pelo medo do sonho. Lembro do toque da sua nuca, seca em meus olhos de remedio. Sonolenta, volto ao sofa, bebada digito seu numero em uma das frutas de cera da cozinha; fumo o ultimo cigarro da carteira vazia, vazio na janela do meu apartamento brega, da janela da minha alma cheia de sensatez estudada. Insensatez pensada no beijo seco. A ponta do meu coracao inutil, meu coracao fragil, e incoerente. Ela para. Para e nota o vento gelado. Continua a andar. Pra achar a solucao. Entra na loja de doces da esquina.
Acucar pros dias mais amargos da sua vida. Uma bussola pra encontrar meus caminhos, e seguir pela direcao contraria. A direcao contraria nao aponta a direcao do seu quarto. Ainda bebada tomo o copo da sua mao cansada e te pego pela cintura, torta, ciumenta, te troco pelo chao e te deitas ao meu lado sono-lenta, timida tiras minhas roupas suadas pela corrida de minutos atras.
Nos amamos, e no gozo final me das o "eu te amo" - merecido. Sorrindo acendo teu cigarro e te digo que tenho alguem comigo, alguem perfeito; sofrendo mas perfeito. Perfeicao com sua insignificancia pobre, ilusao pobre.
Voce foi minha vontade de tentar e de esquecer teu rosto.
Voce foi o melhor de todos os remedios. Na hora certa, sem prescricao de nenhum medico ou pai-de-santo.
Sem prever, quando te achei (ou voce me achou?) naquela calcada suja. Quando te dei aquele beijo quase inconsciente. E era pra ser so mais um. Menos um.
E eu ja nem quero mais nos entender, e no fim, quem precisa nos entender? Ate que voce me apareca no onibus sozinho. Porque voce sabe do que eu gosto. e se nao for hoje, e ali, depois do fim da curva.
*
*
*
*senta que la vem historia eh: Babboo e sua Banger Sister
1 comentários:
Eu gostei! muito bom mesmo. a quatro mãos. qem escreveu q parte?
Postar um comentário