Leidenschaft

E encontrar ele quase todo dia virou quase sonho, quase perfeito, quase sempre. Ela ja nao via mais horas passarem, mesmo quando estava longe dele e elas passavam devagar. Corria, e se pendurava nos ponteiros pra eles girarem mais rapido; um dia jogou todos os relogios da casa fora, junto com umas lembrancas antigas, empoeiradas e cheias de mofo. Tinha alergia a mofo.
Sem relogios ela sentia a hora exata de olhar pela janela e passear com ele entre as estrelas; se amavam nas nuvens e se nao houvessem nuvens, entao se amavam escondidos atras de um raio de sol. E depois se deitavam na areia e ouviam o mar, falavam coisas de amor bem baixinho, pra nao atrapalhar. O mar sempre tem os melhores conselhos.
Antes de um mes ela ja nao lembrava mais que fazia tao pouco tempo. Antes de um mes ja nao tinha mais solucao. Ela havia se perdido em abracos, se afogado em beijos interminaveis, se apaixonado por ele. Ele ja nao sumia de seus pensamentos por mais de dois segundos, dois segundos sem ele pareciam dois dias... Desde que se reencontraram nao haviam passado dois dias sem se ver, e a ideia de passar dois dias sem se ver chega a ser absurda.
Tao absurda quanto o encontro, quanto o reencontro, quanto as tres semanas que passaram, tao absurda quanto esse texto, quase tao absurda quanto o tamanho do que acontecia entre os dois.
Foi com ele que aprendeu a dormir, pra sonhar, era muito bom dormir na cama que ainda tinha o cheiro dele; voltou a sentir fome, e quase sempre era uma fome que so ele podia saciar; por causa dele deixou de ter medo dos seus medos, pareciam tao bobos esses medos quando estavam juntos... o mundo inteiro parecia muito bobo quando estavam juntos.
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*para ler ouvindo: Los Hermanos - Ultimo Romance